O que é o desvio de septo nasal?
O septo nasal é a parede vertical que separa o nariz em duas cavidades (fossas nasais). É composta de cartilagem na parte anterior e osso na posterior, recobertas por uma camada de tecido chamada mucosa. O desvio do septo nasal está presente em 85% das pessoas em diferentes graus de severidade. Pode ocorrer devido a microtraumas nasais que geralmente passam despercebidos durante a fase de crescimento do septo, inclusive no período intra-útero. Traumatismos de face e fraturas nasais também podem ser a causa do desvio septal.
Quando é necessário realizar a correção deste desvio (septoplastia)?
Septoplastia é a cirurgia que corrige esta deformidade. O objetivo desta cirurgia é centralizar o septo nasal, sendo indicada quando o desvio causa obstrução nasal importante (nariz entupido), infecções nos seios paranasais (sinusites), cefaléia (dor de cabeça) e para complementar o tratamento do ronco e da apnéia do sono.
Pode estar associado a um aumento das conchas nasais inferiores, que são estruturas da parede lateral do nariz, aumentadas algumas vezes em decorrência da rinite alérgica, por exemplo, e nesses casos, é também indicada a redução cirúrgica das mesmas, procedimento denominado turbinectomia.
Enfatizo que nem todas as pessoas com desvio septal necessitam de cirurgia, isto depende do grau do desvio e principalmente dos sintomas apresentados. Em relação à idade, o ideal é que se opere após os 16 anos de idade, quando está encerrada a fase de crescimento septal, porém, em casos especiais (desvio septal severo) pode-se indicar septoplastias conservadoras abaixo desta idade.
Como é realizada esta cirurgia?
A septoplastia é realizada sob anestesia geral ou local. Tem a duração de aproximadamente 60 a 90 minutos e geralmente o paciente fica internado por pouco tempo, com alta no mesmo dia ou no dia seguinte à cirurgia.
Uma pequena incisão é feita por dentro do nariz onde é descolada a mucosa que fica sobre a cartilagem e o osso do septo. As partes desviadas são então removidas e a mucosa é recolocada sobre o septo centrado. Pode ser colocado um splint nasal (molde que reposiciona a mucosa nasal e o septo, e é removido em 7 a 10 dias no consultório) e tampões nasais para evitar sangramento, dependendo da técnica cirúrgica empregada. Atualmente há uma tendência a não se utilizar o tampão nasal quando se opera por vídeo-endoscopia.
Quais os riscos e as complicações?
Febre e Dor: é comum no pós-operatório e, geralmente, discreta e de fácil controle.
Sangramento: normalmente muito discreto e com melhora após repouso e compressas geladas. Raramente são volumosos, mas pode exigir novo tamponamento, ligadura de vasos (cirurgicamente) e transfusão sanguínea.
Infecção, abscesso e hematoma septal: raramente ocorre, devendo ser controlada com curativos, drenagem e antibióticos.
Perfuração septal: é rara e geralmente não causa nenhum sintoma, mas pode necessitar de tratamento clínico ou de reparo cirúrgico.
Sinéquias: são aderências que podem ocorrer entre as paredes do nariz. São desfeitas com curativos e, às vezes, exigem outra intervenção cirúrgica.
Retorno do desvio ou desvio residual: em técnicas muito conservadoras, principalmente em crianças, a cartilagem poderá voltar parcialmente à posição ou forma anterior, por vezes necessitando re-intervenção.
Retorno da hipertrofia (aumento) das conchas: em casos de rinite alérgica.
Complicações da anestesia geral: atualmente com a modernização dos aparelhos de anestesia e dos novos medicamentos, o risco anestésico diminuiu muito, porém há um risco de complicações em todo procedimento cirúrgico.
Como é o pós operatório?
É comum haver sangramento nasal discreto nos primeiros dias. Faça compressas geladas na face se necessário. Realize as lavagens nasais recomendadas pelo seu médico. Isso ajuda a cicatrização e a prevenção de sinéquias. Dieta leve nos primeiros dias, evitando alimentos muito quentes. Evitar também banho muito quente (facilita o sangramento). Não realizar atividades físicas vigorosas; permanecer em casa, em repouso durante o período recomendado pelo seu médico, geralmente poucos dias. É comum apresentar obstrução nasal nos primeiros dias devido às crostas de sangue e ao inchaço (edema) causado pela cirurgia.
Podem ocorrer vômitos uma ou duas vezes no dia da cirurgia, geralmente com sangue escuro (deglutido durante a cirurgia). Se os vômitos acima referidos forem repetidos ou constituídos por sangue vermelho vivo ou se houver sangramento nasal abundante, comunicar o médico responsável.
O que esperar da cirurgia?
A principal intenção da cirurgia é o alívio dos sintomas do paciente e esta cirurgia tem apresentado excelentes resultados, melhorando significativamente a qualidade de vida. Eventualmente há necessidade de um retoque cirúrgico se o paciente persistir com sintomas, porém isto ocorre na minoria dos casos.